sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Otimismo parte 2: a desintegração

"Jesus pra mim é um amigo", ele disse e depois pediu mais um pastel. A moça concordou e anotou o pedido. "Mas pastor é ladrão, engana as pessoas". A moça concordou de novo. Mais pro lado um velho ia ouvindo a conversa e pensando que quase sempre as pessoas se enganam sobre as coisas que dizem. Na maioria das vezes não se cogita que aquilo que se diz não tem nada a ver com as verdades das coisas. De todo modo, é justamente isso que faz alguém ser uma pessoa e não outra. Essas conversas são sempre um pouco cansativas, de modo que decidi ir para outro lugar.
O sol estava muito forte e me fez entrar na igreja para me esconder. Era dia das mães e o padre estava falando sobre a Virgem Maria que, segundo ele, teve uma maternidade muito conturbada desde a gravidez até a morte do filho. Embora o assunto fosse sério, como de costume, às crianças é permitido correr dentro da igreja. É sempre impressionante observar que algumas delas são capazes de correr e, ao mesmo tempo, darem atenção ao sermão. Foi desse modo que durante a explicação sobre a Virgem, uma menina saiu da brincadeira olhando curiosa para um bêbado parado perto da porta. Ela perguntou para o bêbado o que teria acontecido caso Maria tivesse, espontaneamente, abortado. "O Cristo, então não teria nascido", veio como resposta indiferente.
Eu saí da igreja e subi na bicicleta. Pedalar no meio dos carros, na contra mão, quando é preciso, é sempre uma sensação muito interessante. Se a mãe fosse avisada a respeito disso ela não dormiria, certamente, mais uma noite sequer.
Mas e se a Virgem tivesse abortado? Eu pensei que eu gostaria de acreditar que às vezes não há nenhuma diferença entre uma pessoa fazer uma coisa e não fazer nada - ou fazer o contrário.

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